quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Onze anos sem Nilson Espoletão

Gabrich disse que ele era elegante como uma "Garça" ao jogar. GD Já depôs que ele tinha um domínio de bola como poucos. Bené e Nicó eram dos seus companheiros preferidos no tapete verde. Era assim denominado "O Elegante", aquele que como me disse Carlúcio Bicalho "apanhava a bola no ar com o pé e trazia para o chão como se ela estivesse colada nele", ou como me disse Eduardo Lima no restaurante do Monterrey em uma tarde destas aí: "ele subia mais que os outros jogadores, matava a bola no peito e ela descia obedientemente até o chão para então ser conduzida como uma dama para onde quer que fosse." Para completar mais um adjetivo, "Góia" declamou: " Ahhhh... a matada no peito do Nilson Espoletão! Inesquecível! A bola para ele era mais que sua mulher, por que certamente a sua mulher não era submissa a ele... a bola era."



Muito se tem a dizer sobre Nilson Espoletão como um grande jogador de Futebol. Talvez o grande notável de sua época.
Quis o destino que esse tal Espoletão, elegante, notável, gigante, mágico e quase imortal fosse meu pai.
E agora, quando completam-se onze anos sem a presença dele entre nós, quero aproveitar a oportunidade e dar aqui o meu depoimento acerca desse super-homem.
Eu não o vi jogar, no seu tempo. Quando nasci ele estava abandonando os gramados para se dedicar incondicionalmente à sua família.
E dedicou viu!
Trabalhou como nunca para os seus. Labutou, nos colocou a nós em casa em primeiríssimo lugar.
Este Nilson aí, que alegrou os torcedores, os gramados, os amantes do futebol defendendo a camisa do Cassimiro e do Ipê, defendeu também com unhas e dentes sua prole, como se fosse um Leão indomado acercando suas crias dos predadores na natureza.
Este Nilson aí, que dominou a bola no peito e fez dela o que quis, também dominou a vida, as dificuldades, os atropelos e atrapalhos para criar uma família e fez desses desafios o que quis.
Este tal Espoletão aí, que tinha um chute forte, certeiro e muitas vezes direto para o gol ( que o diga o falecido "Dôda" de seu Leonel Beirão ), também chutava o balde se algo atingisse seus filhos, sua herança maior, ou se algo pudesse sonhar em atingir.
Ele foi um herói, nos gramados e na vida. Como jogador de futebol, não deixou nada a desejar. Como profissional da pintura, também não deixou nada a desejar, como pai, não deixou nada a desejar.
Ou seja, ele era perfeito. Sem defeitos. Era um super-homem.
Mas eu preciso depor uma coisa: Ele jamais seria este tal Nilson Espoletão, esse ator dos gramados, atuante do picadeiro nos campos e na vida, gigante na altura e no mundo se, por detrás não existisse uma tal Maria José Barbosa.






Pois foi por causa dessa super mulher, que existiu o tal super-homem. O tal Espoletão de que tanto falam.
Porque, por mais que se diga que um homem fez e realizou, jamais nos esqueceremos que detrás destes feitos, haverá sempre um coração responsável, e que, em muitas ocasiões, segurou a peteca, matou a bola no peito também e deu o passe certeiro na hora de driblar os problemas da vida.
Palmas também para esta "Espoletona", que, do longo dos seus 1,48 cm de altura, dedicou sua vida ao seu amor eterno, e fez dele um grande na vida, e que esteve com ele na vida e no seu leito de morte.
Após onze anos de saudade, reconheço: Meu pai é o melhor! É o melhor! É o melhor! Mas após estes mesmos onze anos convivendo com a força de minha mãe, sou obrigado a reconhecer: Meu pai foi o craque, minha mãe foi a técnica, que a beira do gramado, dava as ordens de como o jogo deveria seguir.
Ele foi aplaudido pelo grande público, mas ela, ela sim foi aplaudida por ele, e por nós, seus filhos. Seus oito lindos filhos como mudas de oliveira ao redor de sua mesa. Essa tal "Espoletona" foi quem deu o tom da vida, a flecha, o tiro e o alvo.
Ela não é grande na altura como ele, mas é maior, quando fez dele o homem que foi, o gigante, o elegante, o "Espoletão".
Parabéns ao meu pai, Nilson Espoletão. Pelo que foi e representa.
Mas, tenho certeza que gozo de sua aprovação ao também dizer: Parabéns a minha mãe pelo que ela é e representa para cada um de nós, seus filhos.




Termino a minha coluna de hoje com as palavras de Márcio Goulart, fã do Espoletão, e companheiro de bate-papo do Azul e Branco na Melo Viana: " O Mineirão não viu seu pai jogar, O Maracanã não viu seu pai jogar, O Morumbi não viu seu pai jogar, O Pacaembu não viu seu pai jogar: Azar o deles!"